domingo, 12 de junho de 2011

Literatura Gay

Há cerca de doze anos, resolvi olhar para a estante de livros que o meu ex-namorado tinha na sala de estar. Para meu espanto, encontrei uma série de livros que tinham como tema a homossexualidade. Até então tinham sido poucos os livros que tratavam esta questão a passarem-me pelas mãos, pelo meu olhar. Exemplos disso eram alguns versos de Eugénio de Andrade, Horto de Incêndio de Al Berto, umas “confissões”  de Mário de Sá Carneiro, a Morte em Veneza de Thomas Mann, O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, alguns fragmentos de As Ondas de Virgínia Woolf e o romance de Jaime Bayly que tinha como título algo que, então, me parecia o mais acertado, Não Digas a Ninguém. Ali naquela estante tinha outros romances que, confesso, eu desconhecia na época, mas com os quais eu me viria a identificar. De repente, eu estava perante personagens que passavam por experiências mais ou menos felizes, como qualquer um de nós. Descobrir que estamos a ser enganados ou que quem amamos já não nos ama. Terminar uma relação e viver uma nova mais compensadora. Nas páginas que folheava eu podia ler e, em alguns momentos, viver as emoções de quem sofre, mas também as de quem ri e chora. As emoções de quem ama muitas vezes, de quem ama numa só ocasião. As emoções de quem descobre pela primeira vez o outro do mesmo sexo, o seu olhar, a textura da sua pele, o seu cheiro, o seu sabor… e que, nesse preciso momento, vislumbra toda uma outra dimensão do mundo até então desconhecida, oculta ou ignorada e, intuitivamente, percebe que as coisas nunca mais voltarão a ser as mesmas, a bússola deixa de apontar para norte, o que era certo deixa de o ser e novas possibilidades surgem. Esta descoberta quase transcendental, aterradora para uns mas surpreendente para outros, encontra-se muitas vezes representada na escrita e, através dela, dessas manifestações literárias dos escritores, passamos a conhecermo-nos melhor e nos desvendamos aos outros. Os livros que povoavam essa estante eram: A Linguagem Perdida dos Guindastes, Arkansas, Enquanto Inglaterra Dorme, de David Leavitt; Antes que Anoiteça de Reinaldo Arenas; Esfolado Vivo de Edmund White; Petróleo de Pier Paolo Pasolini; A Sombra de Foucault de Patricia Duncker e outros que não me recordo.
A estes já aqui lembrados irei acrescentar muitos mais. Uns mais antigos, outros mais recentes. Uns li outros ainda não. 

sábado, 16 de abril de 2011

Faz hoje um ano

Ouvi falar deste site no ano passado e foi com agrado que o vi a tornar-se algo cada vez mais bem estruturado. Cheio de notícias bem interessantes e dirigidas ao mundo LGBT e hetero friendly.

Parabéns Dezanove!!!!

Deêm uma vista de olhos ;-)

Aqui fica o link: http://dezanove.pt/

Casal de mão dada

Foi com agrado que hoje pela manhã vi um casal gay de mão dada no Porto. Foi bonito vê-los de mão dada. Pareceram-me nervosos, mas penso que será normal, uma vez que possam ter medo da reacção das pessoas. Eu teria medo, talvez não fosse o caso deles.

O meu comentário aqui serve apenas para felicitar a coragem deste casal e espero que se torne cada vez mais "normal" este tipo de situação.

Coragem e persistência ajudam o mundo a mudar e a tornar este mais justo.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Retalhos da minha vida I

Finais dos anos setenta. Parece que foi na pré-história. O mundo mudou muito, mas ainda há muito caminho para percorrer.
Naquele dia, apercebi-me que o mundo não estava preparado para me receber sem questionar a minha natureza. Não me lembro muito bem que idade tinha, mas ainda não andava na escola. Nesse dia, resolvi sair à rua com um tutu da minha irmã. Imaginem a vergonha que senti quando as pessoas que aí se encontravam, felizmente não havia crianças da minha idade, me apontaram o dedo e desataram a rir. Ainda hoje os vejo e ouço. Pode ser que algo tenha mudado nas suas vidas. Em mim mudou.
Eu trazia vestido um tutu e no instante em que me viram, creio ter concluído que a vida ainda não estava preparada para me tratar por tu-tu, mas sim por "aquilo". Pelo menos, foi o que senti que aqueles dedos apontados para mim significavam. Voltei a correr para dentro de casa cheio de vergonha, como se tivesse saído para desafiar o mundo e tivesse regressado derrotado. Algo me tinha atingido, talvez invisível ao olho humano, mas concreto o suficiente para ser entendido pela alma. Despi o tutu e nunca mais o vesti.

Aprendi a ser o que esperavam de mim e não tanto aquilo que eu era e esperava que a vida fosse.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Ainda não é desta...

Sinto falta daquela época em que o tempo demorava a passar e eu tinha que dar voltas à imaginação para me manter ocupado. Gostaria de ter tempo para terminar aquilo que iniciei, ou melhor, iniciar a tarefa a que me propus. A falta de tempo não permite. Quando tenho tempo, a vontade não acompanha. Voltem anos 80, voltem actividades lúdicas inocentes.
São desabafos, nada mais do que isso. Gosto da minha profissão e a falta de tempo muitas vezes é compensatória. Gostava de fazer tudo e acabo por fazer quase nada!!!

domingo, 28 de novembro de 2010

Introdução à minha lista de livros

Boas,

já podem dar uma vista de olhos ao texto que escrevi para introduzir a literatura gay. Claro, que sempre de um ponto de vista totalmente pessoal e com a única intenção de dar a conhecer alguns títulos de literatura homossexual. Já existem alguns blogues e sites que cumprem essa função, estes serviram, aliás, para eu começar a minha colecção de livros com esta temática. Podia dar-me para fazer outra coisa, mas não deu-me para esta.

Abraços

sábado, 27 de novembro de 2010

Agora, sim!

Olá,

está a nascer o meu blogue sobre literatura gay. Andei aqui às voltas, mexe aqui, muda dali para aqui. Sabem? É o meu primeiro blogue, daí ainda não estar completamente à vontade com isto e enquanto não conseguir meter isto mais ou menos como pretendo, andarei, tranquilamente, aqui às voltas. É minha intenção disponibilizar uma lista de livros gay, apenas os títulos dos que eu realmente tenho na minha estante, uns na secretária e outro na mesinha de cabeçeira. Isto ainda vai demorar um pouco. Eu não tenho assim muito tempo e, por isso, peço paciência a todos os que por alguma razão passarem por aqui.

Abraços